segunda-feira, 4 de julho de 2011

O QUE FAZ UM PROFESSOR?

O título deste texto é uma pergunta que descobri não ser capaz de responder. Pode parecer estranho alguém que atua como professor do ensino básico se posicionar de tal maneira, à primeira vista pode mesmo parecer um absurdo, mas para esclarecer a situação vou apresentar algumas reflexões sobre o assunto.
Ao longo do curso superior onde adquiri o diploma de licenciatura em História, freqüentei diversas disciplinas com conteúdo exclusivo sobre história, algumas com conteúdo envolvendo práticas, teorias, normas e leis sobre educação, também estudei brevemente sobre o processo e as etapas do desenvolvimento cognitivo humano. Fiz minha graduação na Universidade Luterana do Brasil, tenho consciência de que as grades curriculares variam de instituição para instituição, mas a base é a mesma, disciplinas específicas da área de conhecimento do curso, noções de legislação, pedagogia e possivelmente psicologia, lembrando que me refiro a cursos de licenciatura. Ao longo dos meus estudos, sempre fui da opinião que instituição alguma ensina os estudantes a serem professores, somente as práticas docentes criam esse profissional. Nestes poucos anos de profissão me deparei com inúmeras situações com as quais não fui preparado para enfrentar, situações que exigem um grande preparo e estrutura psicológica. Enfrento uma realidade bastante delicada nos locais em que trabalho, falta de estrutura física e materiais, falta de profissionais especializados para auxiliar em problemas disciplinas e psicológicos dos alunos, e uma carga horária elevada, o que dificulta o bom desenvolvimento das atividades docentes.
As informações que trouxe até agora foram para esclarecer, mesmo que de forma superficial, a situação das escolas onde trabalho, situação que aparentemente é uma realidade nacional. Em sala de aula encontramos alunos desmotivados e com graves problemas familiares, problemas que percebo claramente durante as aulas, de forma indireta ou quando sou consultado por eles na tentativa de resolverem suas pendências pessoais ou mesmo na forma de um simples desabafo, uma responsabilidade bem grande a minha, não? Alguns problemas que percebo de forma indireta são em situações extremas, como agressão verbal ou mesmo física e cabe a mim contorná-las, porém, acontecem sem prévio aviso. Não tenho vergonha alguma em dizer que não sou preparado para lidar com tais acontecimentos, infelizmente a realidade me obriga a enfrentá-los, sendo as conseqüências insatisfatórias, para ambos os lados. Na teoria o professor é um mediador no processo da construção do conhecimento, não levamos uma verdade absoluta para os alunos, procuramos instigá-los a serem sujeitos de suas vidas, a questionarem o mundo, exercerem sua cidadania. Minha formação me permite ser um mediador, pra isso eu freqüentei um curso de graduação, mas a realidade me obriga a ser pedagogo, psicólogo, pai, mãe, irmão, etc...
Não tenho objetivo de ser omisso, mas ao mesmo tempo, não tenho preparo para auxiliá-los de forma adequada, o que gera uma grande frustração e desânimos para aluno e professor, por essas e outras razões, fiz essa pergunta, o que não significa que desisti de encontrar a resposta.